quarta-feira, 18 de março de 2009

Atlantic

depois daquela semana eu nunca mais me deitei à sua cama, nunca mais, nunca mais me senti acolhido; foram tantas as verdades ditas, tantas palavras vomitadas na minha cara, foram tantas vergonhas explícitas, e tanta decepção da minha parte; a culpa ainda levo comigo, e deitar onde dormes, para mim, é deitar na toca do leão; é estender-me no alto de um prédio, sentir o vento do perigo tocar os meus cabelos; a minha cama me conforta, mas não quero ser velho e dormir nela sozinho; estou envelhecendo, e não quero mais medos, preciso da coragem para enfrentá-los; mas, enfrentar, que força tenho eu para enfrentar algo, sensível como um copo de cristal, não posso tocar mais profundamente em nada que logo me quebro; eu preciso de um lugar onde eu possa fazer a minha cama; onde eu possa descançar a minha cabeça, pois agora os dias começarão.

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